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Trem com 135 vagões começa a ar por MS para escoamento de grãos até o litoral paulista
No Mato Grosso do Sul, a cidade de Chapadão do Sul figura como um polo estratégico para estas operações da Rumo, contando com um terminal ferroviário essencial para a logística de grãos
MIDIAMAX/OSVALDO SATO

A Rumo, gigante do setor ferroviário brasileiro, implementou no primeiro trimestre de 2025 trens com 135 vagões. Os veículos cargueiros am por Mato Grosso do Sul, na rota até o Porto de Santos, onde deixam toneladas de grãos.
No Mato Grosso do Sul, a cidade de Chapadão do Sul figura como um polo estratégico para estas operações da Rumo. A cidade conta com um terminal ferroviário essencial para a logística de grãos. Assim, a empresa investiu na expansão desse terminal, elevando significativamente sua capacidade de embarque de produtos como soja e milho.
A ferrovia que cruza Chapadão do Sul faz parte da Ferronorte. Esta se conecta à Malha Paulista, ligando essa importante área produtora ao Porto de Santos. Assim, ela facilita o escoamento da safra. Esse aprimoramento é crucial para reduzir os custos de transporte para produtores do Norte de Mato Grosso do Sul, cidades vizinhas e até mesmo de Goiás.
Situação complexa da Malha Oeste
Apesar do forte desempenho em Chapadão do Sul e no transporte de grãos oriundos de Mato Grosso e Goiás, a Malha Oeste no Mato Grosso do Sul tem sido um alvo de debates. A Rumo detém a concessão dessa malha, que se estende por São Paulo e Mato Grosso do Sul. Contudo, grande parte dos seus 1.973,1 km no estado permanece inoperante.
A Rumo manifestou interesse em manter apenas cerca de 300 km da linha férrea, entre Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas. Além disso, a empresa planeja construir novos trechos e reformar outros em Corumbá, priorizando o transporte de celulose e minério. Nem todos os trechos da malha, porém, seriam contemplados.
Apesar da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) ter indicado que avaliaria a proposta, apresentada como uma solução consensual na Secretaria de Controle Externo de Solução Consensual e Prevenção de Conflitos (SecexConsenso), o entendimento jurídico predominante no Tribunal de Contas da União (TCU) é de que a proposta carece de validade legal. Portanto, não poderá ser utilizada. O Tribunal também ressalta irregularidades no cumprimento do contrato da Malha Oeste. Ele aponta que a concessionária não atingiu as metas técnicas mínimas de desempenho e manutenção. Isso inviabiliza qualquer prorrogação contratual.
Conforme o TCU, a recomendação é que o Ministério dos Transportes elabore um novo edital de concessão. O novo edital deve incluir novos trechos, metas e exigências operacionais. Tudo isso deve estar em conformidade com o rito licitatório determinado pelo Tribunal. Assim, em 15 de maio, o TCU recusou a issão do contrato da ferrovia Malha Oeste, concedido à Rumo, para uma tentativa de solução consensual na SecexConsenso.
Governador quer a repactuação
O governador Eduardo Riedel (PSDB) se demonstrou favorável à repactuação do contrato de concessão da Malha Oeste, atualmente operada pela Rumo. Em maio, o ministro do TCU (Tribunal de Contas da União), Aroldo Cedraz, manifestou-se contrário à repactuação da concessão. Ele alegou que a proposta apresentada implicaria em uma “remodelação completa e radical do contrato', firmado em 1996.
Ele considerou que se trata de nova configuração da exploração do serviço ferroviário. Inclui novos trechos, métricas de desempenho e obrigações de manutenção das vias. No entanto, não há e jurídico no contrato de concessão vigente.
O chefe do Executivo de Mato Grosso do Sul destacou que a decisão do ministro Cedraz não encerraria o assunto. A pauta ainda deve ir para o plenário da corte. Riedel se mostrou favorável à repactuação e citou como exemplo o contrato de concessão da BR-163, que foi mantido nas mãos da CCR MSVia. A CCR MSVia ou a adotar a nova marca Motiva.
Avanços na Malha Paulista
Em contrapartida, na Malha Paulista, onde o terminal de Chapadão do Sul está inserido, os novos trens de 135 vagões já estão em pleno funcionamento este ano. Com o aumento de 120 para 135 vagões, as composições agora transportam mais de 17 mil toneladas por trem. Isso significa um acréscimo médio de 1.200 toneladas úteis de carga.
Essa inovação, que também diminui em uma hora o tempo de trânsito entre o terminal e o destino, promove uma maior eficiência energética. Ela substitui até 530 caminhões diários nas estradas – um total de cerca de 6 mil por mês. Em fevereiro, aproximadamente 3 milhões de toneladas de grãos foram embarcadas para o Porto de Santos.
Para viabilizar essa expansão, a Rumo investiu cerca de R$ 350 milhões, direcionados à ampliação de pátios de manobra e obras para as novas composições. A empresa também conduziu estudos aprofundados sobre força e tração, com a instalação de sensores, para compreender os desafios técnicos e operacionais das novas locomotivas.